25.2 C
Três Lagoas
quinta-feira, 28 de novembro, 2024

Em caso raro, brasileira que nasceu sem língua recupera fala

Saúde – 15/01/2013 – 08:01

O caso extremamente raro de uma brasileira que nasceu sem a língua e hoje consegue falar, sem sequelas, se tornou um exemplo para a medicina mundial. A jovem Auristela Viana da Silva é uma das únicas três pessoas de que se tem conhecimento com aglossia congênita isolada – isto é, a ausência total da língua, sem que haja outras deformidades. O longo procedimento necessário para tratar suas sequelas será explicado nesta segunda-feira pelo cirurgião-dentista Frederico Salles e equipe na Universidade de Brasília (UnB).

Auristela, 22 anos, teve todo o tratamento que a fez conseguir falar realizado no Brasil. Responsável por acompanhar o caso desde que ela era criança, o doutor Salles liderou um grupo multidisciplinar dedicado a fazê-la conseguir se comunicar por meio da voz. Além de profissionais da odontologia, também fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos se uniram para intervir na história de Auristela. Ela hoje leva uma vida normal, fala corretamente, é capaz de sentir todos os sabores e cursa uma faculdade na área da saúde: é aluna de Enfermagem.

“Ela chegou até mim em 1996, quando não tinha orientação médica e foi recomendada para tratamento em um hospital público de Brasília onde eu trabalhava. Seu caso é diferente de outros pacientes com aglossia, porque a deformidade, geralmente, vem acompanhada de uma série de outros problemas, como inversão dos órgãos, lábio leporino, amputação dos dedos e disfunções na tireoide”, disse Frederico Salles em entrevista ao Terra. “A falta de língua faz deformidades incríveis”, afirmou o médico.

A jovem passou por duas cirurgias na face em 2002, além de extrações dentárias e acompanhamento médico intensivo. Ela utilizou aparelho dentário durante seis anos e foi atendida por profissionais de diferentes áreas da saúde para que pudesse aprender a falar.

Caso americano

Em toda a literatura médica, existe registro de apenas dois outros pacientes com o mesmo caso da jovem brasiliense, segundo Salles. Kelly Rogers, uma americana sem língua que foi tratada na Califórnia e hoje também consegue falar é convidada dos especialistas no simpósio que será realizado na UnB a partir das 16h. O único outro caso de aglossia congênita isolada que consta na história da medicina data de 1949, de acordo com o cirurgião-dentista.

As histórias de Auristela e da paciente americana diferem em um aspecto: a brasileira passou por cirurgias no rosto, destinadas a melhorar a estrutura do esqueleto facial; a americana, não. Assim, segundo o principal responsável pelo tratamento de Auristela, ela não carrega deformações na face, enquanto Kelly tem algumas alterações no rosto. Frederico Salles explica que os médicos responsáveis pelo procedimento na Califórnia acreditam que operar a face compromete a capacidade de falar da paciente.

Apoio

Salles afirma que o custo do longo tratamento por que passou Auristela foi arcado principalmente pelo Grupo de Pesquisa Multidisciplinar em Aglossia da UnB e algumas clínicas de Brasília. Entre os profissionais envolvidos no caso, foram mencionados Paulo Galvão, especialista em radiologia; Gylse Anne de Souza Lima, também radiologista; e Eloi Michels, otorrinolaringologista. Ele ainda citou contribuições de empresas como o Laboratório Exame e a Farmogral, além do Centro de Medicina Nuclear de Brasília.

Coordenado por Frederico Salles, o grupo multidisciplinar que acompanhou o caso é formado por Jorge Faber, da Faculdade de Odontologia da UnB; Elizabeth Queiroz, da Psicologia; Maria Lúcia Torres, fonoaudióloga ligada ao Núcleo de Estudos em Educação e Promoção da Saúde; e Marcos Anchieta, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica. A professora de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB) Patrícia Costa Bezerra também integra a equipe.

Fonte: Portal Terra

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

Escola de vôlei Adilson Machado (EVAM) conquista o título de campeã no voleibol feminino da copa SEJUVEL

A Escola de Vôlei Adilson Machado (EVAM) é a grande campeã do voleibol feminino na edição 2024 dos Jogos Abertos Três-Lagoenses (JATS) e na...

SMAS realiza formatura de crianças e adolescentes do projeto Patrulha Florestinha em parceria com a Polícia Militar Ambiental

A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), em parceria com a 3ª Companhia do 2º Batalhão da Polícia Militar Ambiental (PMA) de Três Lagoas,...

Estudantes e professores do IFMS Campus Três Lagoas participam do Festival Iguassu Inova

De 27 a 30 de novembro, alunos do curso de Engenharia da Computação e professores do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS)...