José Aparecido Moraes explicou algumas estratégias para melhorar algumas vias críticas no município, além das medidas tomadas para orientação da população.
TRÊS LAGOAS – Na manhã desta segunda-feira, 28, o “Programa Toninha Campos”, da Caçula FM 96,9, recebeu José Aparecido Moraes, diretor do Departamento de Trânsito (Deptran) de Três Lagoas, para discutir os desafios do trânsito na cidade. Com um índice alarmante de acidentes — cerca de seis a sete por dia — e uma frota de 109 mil veículos para uma população de aproximadamente 130 mil habitantes, Moraes abordou temas como a regulamentação de bicicletas elétricas, a necessidade de educação no trânsito e mudanças em vias críticas.
Moraes iniciou a conversa apontando o grave cenário de acidentes em Três Lagoas, com incidências diárias envolvendo motocicletas, bicicletas elétricas e pedestres. Ele atribuiu parte do problema à falta de educação no trânsito, citando exemplos como pedestres que atravessam fora das faixas e motoristas que desrespeitam sinalizações. “O trânsito funciona em um tripé: engenharia, fiscalização e educação. Temos 85% das vias pavimentadas e 80% bem sinalizadas, mas a educação é o que falta”, afirmou, reforçando a necessidade de conscientização.
Ele também mencionou a meta da ONU de reduzir acidentes em 50% até 2030, destacando que o Brasil está entre os três países com maior número de mortes no trânsito. Moraes enfatizou que a fiscalização deve ser racional, sem distinção de classe social, visando apenas a segurança. “Não verificamos se a pessoa é pobre ou rica, nossa preocupação é com a segurança no trânsito”, disse, respondendo a críticas de que o Deptran foca em motoristas menos favorecidos.
Pesquisas complementares indicam que Três Lagoas enfrenta desafios herdados de planejamentos urbanos passados, como vias estreitas em áreas antigas, conforme mencionado em notícias da prefeitura. Campanhas recentes, como “Volta às Aulas” em fevereiro de 2025 e “Acidentes não Tiram Férias” em dezembro de 2024, mostram esforços para educar pedestres, ciclistas e motoristas, alinhados com as declarações de Moraes.
Um dos pontos centrais foi a regulamentação de bicicletas elétricas, que têm gerado preocupações devido ao uso irresponsável, como famílias transportando até quatro crianças sem capacete e na contramão. Moraes explicou que a competência é federal, com a Resolução Contran nº 996/2023 exigindo cadastro no Detran até 31 de dezembro de 2025, incluindo uso de capacete e permissão para conduzir. No entanto, apenas dois estados brasileiros implementaram a medida, limitando a atuação municipal.
“Sem a regulamentação estadual, não podemos apreender bicicletas elétricas, mas, assim que o Detran-MS cumprir essa etapa, tomaremos medidas rigorosas contra condutas irresponsáveis”, afirmou. Ele alertou para os riscos, como quedas que podem resultar em morte ou sequelas, e criticou a cultura de “levar vantagem” no trânsito, comum entre brasileiros. Essa questão é controversa, com debates sobre fiscalização e segurança, especialmente em cidades como Três Lagoas, onde o crescimento da frota pressiona as vias.
Moraes anunciou várias alterações para melhorar o fluxo e reduzir acidentes. Na Av. Clodoaldo Garcia, dois semáforos serão removidos, e conversões à esquerda serão liberadas em algumas ruas, exigindo maior responsabilidade dos condutores. Na rua Maria Guilhermina Esteves, um trecho de 80 metros com mão dupla será transformado em mão única, eliminando um semáforo próximo a um posto de combustível, redirecionando o tráfego para a Custódio Andries.
Outras mudanças incluem a transformação da rua João Marquesi e rua Manoel Ferreira em mão única, anunciada em abril de 2025, e a proibição de estacionamento em frente ao SESI, com a abertura de um portão lateral na Custódio Andries para aliviar o fluxo. Já em outras ruas, o estacionamento em 45 graus foi descartado devido à estreiteza de algumas vias, mas proibições de parada de caminhões nas esquinas foram implementadas para melhorar a visibilidade.
Essas medidas refletem o planejamento participativo mencionado em outra entrevista de Moraes em abril, onde ele destacou a importância de ouvir a população antes de alterações. No entanto, a eficácia depende da colaboração dos condutores, o que pode gerar controvérsias, especialmente em pontos como rotatórias, onde motoristas frequentemente desrespeitam a preferência.
Respondendo a uma ouvinte, Moraes confirmou que a rua Maria Guilhermina Esteves, na região da NOB, será contemplada com faixas elevadas, conforme projeto do prefeito. Ele também revelou que ruas estreitas próximas a Centros de Educação Infantil (CEIs) serão transformadas em mão única, facilitando o fluxo nos horários de entrada e saída. Esse foco na segurança escolar está alinhado com campanhas recentes, como a 19° Semana Municipal de Trânsito, e com a entrega de novos veículos ao Deptran em março de 2025 para reforçar a frota.
Com apenas 18 agentes de trânsito, o Deptran enfrenta limitações para operar 24 horas. Moraes informou que um projeto de lei foi enviado à Câmara Municipal para permitir a fiscalização noturna e nos fins de semana, com apoio do prefeito. “Não consigo entender um trânsito que para à noite, como se acidentes não acontecessem. Queremos equipes atuando 24 horas, mesmo que inicialmente com menos agentes por turno”, explicou.
Moraes rebateu críticas sobre multas, afirmando que as notificações, emitidas pelo Detran, visam coibir infrações, não punir indiscriminadamente. “Quem dirige com responsabilidade não teme a fiscalização. Nosso foco é a segurança, não arrecadação”, disse.
