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Três Lagoas
quinta-feira, 24 de abril, 2025

Conselheiro tutelar fala sobre caso de bebê vítima de abuso em Três Lagoas

Paulo Molina estava de plantão quando atendeu a ocorrência, onde a ação rápida das autoridades foi essencial para a prisão do acusado, de 58 anos.

Em entrevista ao ‘Jornal da Manhã’ da Caçula FM 96,9, nesta quinta-feira, 24, o conselheiro tutelar de Três Lagoas, Paulo Molina detalhou a resposta ágil do Conselho Tutelar, que resultou na prisão do um homem de 58 anos, acusado de ter abusado sexualmente de um bebê de apenas 10 meses. O caso, que repercutiu nacionalmente, reforça a urgência de combater a violência sexual contra crianças e destaca o papel da rede de proteção à infância.

O crime ocorreu na noite de sábado, 19, quando a mãe deixou a bebê aos cuidados da avó materna (bisavó) para ir a um pub. Ao retornar às 6h de domingo, notou a criança inquieta e chorosa. A avó atribuiu o comportamento a uma suposta “estranheza” com a presença dela e do esposo, assegurando que nada havia ocorrido. Cansada, a mãe dormiu na casa da avó, mas a bebê continuou agitada. No início da tarde, ao dar banho na criança, a mãe observou inchaço e vermelhidão na genitália, com a bebê gritando e tocando a área dolorida.

Molina, que estava de plantão, foi acionado às 16h02 após a mãe, orientada pelo Disque 100, contatar a Polícia Militar, que a direcionou ao Conselho Tutelar. “Era um caso de saúde pública. Orientei que chamasse o SAMU, mas, sem resposta, decidi buscá-la”, relatou. Molina levou a mãe e a bebê à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde a equipe confirmou a suspeita de manipulação genital. A criança foi encaminhada a um hospital pediátrico, e, às 21h, médicos reforçaram a suspeita de estupro de vulnerável.

O conselheiro acompanhou a mãe à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC), onde o delegado Dr. Luca Basso agilizou o exame de corpo de delito. Às 22h, a médica legista confirmou o estupro, e o boletim de ocorrência foi registrado. A bebê foi internada para tratamento, incluindo coquetéis antivirais, com previsão de cinco dias de internação. Na manhã de segunda-feira, 21, entre 6h e 7h, Dr. Basso prendeu o suspeito em sua residência. O caso foi transferido à Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) para investigação, enquadrado como estupro de vulnerável, um crime hediondo.

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Molina revelou que o suspeito tinha histórico de conversas erotizadas na presença da mãe e da avó e beijava a barriga da criança, comportamentos que não levantaram suspeitas inicialmente. Ele criticou tentativas de familiares de culpar a mãe, enfatizando: “A criança é a vítima. Não cabe julgamento de terceiros, mas sim investigação pela DAM e decisão judicial.” O suspeito tem direito à defesa, mas o Conselho Tutelar já recebeu novos relatos, que estão sob apuração.

Com vasta experiência, Molina destacou que casos de violência sexual, negligência e abandono são o “dia a dia” do Conselho Tutelar, embora tratados com sigilo. “É monstruoso, mas exige controle emocional. Sem ele, o conselheiro adoece”, admitiu, descrevendo a dificuldade de lidar com um crime contra um bebê. Ele aplicou medidas de proteção, encaminhando a criança ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) para apoio psicossocial, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O conselheiro elogiou a rede de proteção de Três Lagoas, que inclui Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, CRAS, CREAS, CAPES, Ambulatório Psicossocial e o Juizado da Infância e Adolescência. “A UPA, o hospital e o delegado foram impecáveis. Qualquer conselheiro teria agido igual”, disse, mencionando colegas como Lara de Paula e Fátima Paparotto.

Molina fez um apelo à população: “Denunciem, mesmo anonimamente, pelo Disque 100 ou pelo nosso plantão 24 horas (67 9 9293-1579). Uma dúvida pode salvar uma criança.” Ele enfatizou que denúncias são apuradas, não julgadas, e que o Conselho atua apenas quando a lei é provocada, aplicando medidas de proteção baseadas no ECA. “O silêncio favorece o abusador. A rede está pronta para agir”, afirmou, citando a campanha “Faça Bonito” e o Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual, comemorado em 18 de maio.

O caso expõe a realidade alarmante da violência sexual infantil. Em Três Lagoas, o Conselho Tutelar atendeu mais de 1,3 mil casos de violações em 2024, incluindo abusos, reforçando a necessidade de vigilância. A comunidade exige justiça, enquanto a bebê segue em recuperação, amparada pela rede de proteção.

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