Em 2024, os conflitos por terra no Brasil afetaram 904 mil pessoas, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado em 23 de abril. Isso representa um aumento de mais de 100 mil pessoas em comparação com 2023, quando foram registradas 792 mil vítimas desses conflitos, que resultaram em 13 assassinatos.
Apesar da leve queda no número de ocorrências — de 2.250 em 2023 para 2.185 em 2024 —, a violência no campo segue alarmante, principalmente ligada a disputas por posse e ocupação de terras, como despejos, destruição de moradias, invasões e grilagem.
Os principais responsáveis pelos atos de violência, segundo o relatório, são fazendeiros, implicados em 44% dos casos. Eles também lideram nos registros de incêndios criminosos (47%) e desmatamento ilegal (38%). Outros agentes de conflito incluem grileiros, madeireiros e empresários.
Os povos indígenas foram os mais atingidos, representando 29% dos casos de violência. Também houve um aumento significativo de ataques contra posseiros e quilombolas, especialmente no Maranhão.
O relatório denuncia ainda a atuação do grupo ruralista Movimento Invasão Zero, apoiado por parlamentares do agronegócio, que tem promovido ações violentas contra ocupações e comunidades tradicionais, inclusive com o envolvimento de milícias e forças policiais. Um exemplo trágico foi o assassinato de Nega Pataxó, indígena morta durante uma retomada de território na Bahia.
A CPT critica o apoio político dado a esses grupos e alerta para projetos de lei que tentam criminalizar movimentos sociais e comunidades tradicionais. Para a entidade, a reforma agrária é essencial para reduzir a violência no campo, promovendo justiça social e dignidade para quem vive e trabalha na terra.
Com informações Agência Brasil