Cientistas criaram o primeiro mapa 3D detalhado do cérebro de um mamífero a partir de um minúsculo pedaço de cérebro de camundongo, do tamanho de um grão de areia. Esse fragmento revelou a estrutura e a atividade de 84 mil neurônios, 500 milhões de sinapses e 200 mil células cerebrais, com uma “fiação” total de 5,4 km de axônios.
O projeto levou quase dez anos, envolvendo 150 pesquisadores de 22 instituições, liderados pelo Instituto Allen, Faculdade de Medicina Baylor e Universidade de Princeton. A análise gerou 1,6 petabytes de dados, o equivalente a 22 anos de vídeo HD, e foi publicada na revista Nature em abril de 2024.
Para criar o mapa:
- Os cientistas registraram a atividade do cérebro de um camundongo acordado, enquanto ele assistia a clipes de filmes como Matrix e Mad Max, além de vídeos de esportes radicais.
- Depois, o cérebro foi cortado em 28 mil fatias ultrafinas e fotografado.
- Com o uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina, os pesquisadores reconstruíram o tecido em 3D, colorindo e identificando cada neurônio em um processo chamado segmentação.
O resultado é chamado de conectoma – um mapa completo das conexões cerebrais, que pode transformar o estudo do cérebro da mesma forma que a internet transformou o acesso à informação.
Embora o mapa represente apenas 1/500 do cérebro de um camundongo, ele é muito mais complexo do que os conectomas anteriores de seres menores, como o verme C. elegans ou a mosca-das-frutas. O objetivo agora é, no futuro, mapear o cérebro completo do camundongo.
Mapear o cérebro humano com o mesmo nível de detalhe é um grande desafio: ele é cerca de 1.500 vezes maior, o que traz dificuldades técnicas e éticas. Mas há esperança de, pelo menos, rastrear os axônios humanos em todo o cérebro.
Além disso, esse tipo de mapeamento abre novas portas para a pesquisa de doenças como Alzheimer, Parkinson, autismo e esquizofrenia, ao permitir a comparação entre cérebros saudáveis e doentes, assim como se conserta um aparelho eletrônico com base em seu diagrama interno.
Com informações CNN Brasil