25 C
Três Lagoas
sexta-feira, 14 de março, 2025

Com redução de custos e tempo, corredor bioceânico poderá impulsionar exportação de carne em MS

Custos menores e caminho mais rápido. O corredor bioceânico vai trazer vantagens ao Mato Grosso do Sul na exportação de produtos importantes, como a carne bovina. O destino final pode ser os países asiáticos pelo Oceano Pacífico ou até o próprio mercado sul-americano. O setor ganha força e competitividade com este futuro promissor.

Mato Grosso do Sul exporta atualmente 360 mil toneladas de carne bovina ao Chile. Este produto sai hoje do Estado por três caminhos: De Ponta Porã até Assunção no Paraguai, do Paraná rumo a Argentina e do Rio Grande do Sul até a Argentina, para chegar no Chile. O caminho é longo e pode ser encurtado pelo corredor de Porto Murtinho, Carmelo Peralta (Paraguai), Argentina, até chegar em terra chilena.

Se o destino ainda for os mercados asiáticos, esta mesma carga vai até os portos chilenos de Antofagasta ou Iquique, para seguir por meio do Oceano Pacífico. A rota Bioceânica é uma realidade com diversas obras espalhadas pelos quatro países. Uma das principais é a ponte binacional, que está com 65% dos trabalhos concluídos.

“O principal benefício da Rota Bioceânica para a indústria frigorífica de Mato Grosso do Sul será a ampliação das exportações para o Chile e o Peru. Já para outros mercados globais, a viabilidade econômica dependerá da competitividade dos custos logísticos no novo corredor de exportação”, destaca Sérgio Capucci, vice-diretor do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul).

Na avaliação da entidade o corredor bioceânico pode ser estratégico para encurtar a distância da carne bovina brasileira até mercados da Ásia, como China e Japão. Neste cenário, no entanto existe ainda as incertezas sobre o custo do transporte rodoviário ao longo do novo trajeto.

Uma das preocupações do setor é em relação ao custo do frete rodoviário, se vai compensar em comparação ao trajeto até ao Porto de Santos (exportação Ásia e Europa), mas existe um otimismo para exportações de carne com destino ao norte do Chile e ao Peru. “Já para outros mercados globais, vamos avaliar a viabilidade econômica”.

Novo caminho

O presidente SETCEMS (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas de Mato Grosso do Sul), Cláudio Cavol, revela que a exportação de carne para países asiáticos pelos portos chilenos é praticamente inexistente. Este cenário vai mudar com o novo corredor e ponte binacional.

“Hoje, a pouca carga destinada ao norte do Chile segue por Santa Catarina, passando por Dionísio Cerqueira (SC) e São Borja (RS), o que aumenta a distância em 700 a 1.000 km em relação à nova saída por Porto Murtinho”, destacou.

Para que este sonho se torne realidade uma das preocupações do setor de transportes são os trâmites aduaneiros, para que a carga não perca tempo nas aduanas dos países vizinhos.

“Um dos desafios enfrentados é a demora nos trâmites aduaneiros. Atualmente, os caminhões podem levar de 7 a 8 dias apenas para cruzar Mato Grosso do Sul e o Paraguai, passando por diferentes etapas burocráticas nos dois países. Para que a Rota Bioceânica seja eficaz, é essencial evitar longos períodos de espera nas aduanas”, ponderou Cavol.

Ele ainda alerta sobre a necessidade da qualificação dos motoristas, já que a maioria não tem experiência no transporte internacional. “Para enfrentar esse desafio, o SETLOG pediu a capacitação desses motoristas, preparando-os para atuar nessa nova rota. A UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) ofereceu um curso em Jardim voltado à formação de profissionais de logística para o transporte internacional. A primeira turma já foi formada”.

Outro ponto essencial neste caminho é a infraestrutura das rodovias nos quatro países, que precisam estar preparadas para esta nova realidade. “É fundamental que a via seja bem sinalizada e que existam estruturas adequadas para os motoristas, como postos de gasolina, restaurantes e suporte logístico ao longo do trajeto”.

Caso estas questões sejam solucionadas, a expectativa do setor é que o fluxo de transporte aumente de 5% a 10% ao ano, contribuindo diretamente para o crescimento do PIB estadual. Mato Grosso do Sul pode inclusive ganhar um papel de destaque no comércio internacional, sendo um grande corredor de exportação de vários produtos, entre eles a carne. Serão custos e distâncias menores, com acesso a mercados estratégicos.

Exportação

Atualmente os produtos brasileiros exportados para a China navegam mais de 24 mil quilômetros e gastam 54 dias para desembarcar em Shanghai, via Canal do Panamá. Utilizando a nova rota o tempo se reduzirá em 12 dias e 5.479km.

Para chegar aos países da Ásia ou Oceania, os navios saem do Porto de Santos, contornam o continente africano ou fazem desvio pelo Canal do Panamá, elevando custos de frete e sujeitos a atrasos devido às condições climáticas. Com a Rota Bioceânica a meta é reduzir o trajeto em 7.000 quilômetros ou até 20 dias no transporte entre Brasil e Ásia.

“O corredor bioceânico passou a ser uma realidade. Os nossos produtos vão seguir a por um caminho mais rápido tanto aos países vizinhos, como ao mercado asiático pelo Oceano Pacífico. Na prática, estamos testemunhando dia após dia, a realização do grande sonho de diferentes gerações, que contribuíram para que este projeto, complexo, ousado e inovador saísse do papel. Teremos um próspero corredor de exportações e importações, a partir da conexão viária entre o Centro-Oeste brasileiro e o Pacífico”, afirmou o governador Eduardo Riedel.

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

MS recebe investimento de R$ 55,1 milhões para construção de 581 casas para povos indígenas

Com um investimento de R$ 55,1 milhões, serão construídas 581 casas para indígenas de 18 aldeias em Mato Grosso do Sul, localizadas nos municípios...

Crise na Santa Casa de Campo Grande será discutida em audiência na Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) sediará uma audiência pública para discutir a grave crise financeira enfrentada pela Santa Casa de...

Ciclo do sono: como lidar com o cansaço no momento errado do dia

O ciclo do sono é uma parte essencial da nossa saúde, mas muitos de nós nos encontramos em um ciclo vicioso de fadiga, acordando...