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domingo, 19 de janeiro, 2025

Compositores processam Claudia Leitte por intolerância religiosa e alteração de letra de música

Os compositores Durval Luz e Nino Balla, responsáveis pela famosa canção Caranguejo (Cata Caranguejo), anunciaram que irão processar a cantora Claudia Leitte por intolerância religiosa e pela modificação não autorizada da letra da música. A polêmica surgiu após a artista, em seus shows, substituir a frase “saudando a rainha Iemanjá” por “só louvo meu Rei Yeshua”, referência a Jesus em hebraico, em um claro posicionamento de sua fé evangélica.
Em entrevista exclusiva ao portal LeoDias, Durval Luz confirmou que ele e Nino Balla já tomaram as providências legais necessárias e que todos os documentos foram encaminhados ao advogado responsável pelo caso. O processo será movido na Justiça da Bahia, estado natal dos compositores e da própria Claudia Leitte.
O Conflito de Fé e Cultura
A substituição da letra gerou controvérsia, especialmente porque Caranguejo faz parte da cultura popular baiana, sendo uma música que, originalmente, faz uma homenagem a Iemanjá, uma das principais divindades do candomblé e de outras religiões de matriz africana. Para Durval, essa alteração não pode ser vista apenas como uma questão de gosto artístico, mas como uma tentativa de desrespeitar a tradição cultural e religiosa representada na música.
Apesar de ser evangélico e batizado, Durval Luz destaca que, como compositor de axé e nascido na Bahia, ele não pode se desvincular da relação entre a música e as religiões afro-brasileiras. Em sua fala, ele enfatizou que, embora siga sua fé cristã, não tem preconceito ou intolerância religiosa. Ele explicou que, por ser parte da cultura baiana e ter raízes profundas no candomblé, não poderia permitir que um símbolo tão forte e representativo da identidade religiosa e cultural da Bahia fosse modificado de maneira a desconsiderar o significado original da canção.
“Eu sou batizado, evangélico, mas não tenho nenhum preconceito ou intolerância religiosa, até porque a música cita Iemanjá. Além disso, por eu ser tocador de axé, ser nascido na Bahia, não tenho como desassociar as letras e outras coisas. Eu sou preto, sou neto de escravos, readquirido pela Lei do Ventre Livre, que antecedeu a Lei Áurea, eu sou parte disso, não posso me desassociar deste debate por conta da minha religião”, afirmou Durval Luz.
A Repercussão da Ação
O anúncio do processo já gerou uma série de reações nas redes sociais e entre os fãs de Claudia Leitte, com muitos defendendo que a cantora tem o direito de expressar sua fé em suas apresentações. Por outro lado, há quem considere que a alteração da letra da música não foi apropriada, especialmente por se tratar de uma canção com forte vínculo com as religiões de matriz africana, tema que, segundo Durval, faz parte da própria identidade da música.
A substituição da letra também levanta uma discussão mais ampla sobre a apropriação cultural e a relação entre arte e religião. O caso coloca em evidência os conflitos que surgem quando crenças religiosas distintas entram em choque, principalmente em um país com uma rica diversidade religiosa, como o Brasil.
O Caminho da Justiça
Agora, o futuro da questão será decidido no âmbito jurídico. Durval e Nino aguardam o fim do recesso judiciário para dar andamento ao processo, que promete movimentar o cenário cultural e religioso da Bahia. A ação poderá não apenas reverter a alteração na letra de Caranguejo, mas também servir de marco em debates sobre respeito à diversidade religiosa e à preservação da cultura popular brasileira.
Enquanto isso, Claudia Leitte ainda não se manifestou publicamente sobre o processo e sobre as acusações de intolerância religiosa. A espera por sua posição e pela decisão judicial deixa em aberto a possibilidade de novos desdobramentos na polêmica que envolve música, religião e cultura no Brasil.

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