23.7 C
Três Lagoas
quarta-feira, 22 de janeiro, 2025

Decisões de 2025: definindo o futuro econômico do Brasil

O ano de 2024 foi marcado por desafios significativos tanto na política fiscal quanto na monetária. Os juros reais de 12 meses, calculados a partir da estrutura a termo da taxa de juros e das projeções de inflação da pesquisa Focus, atingiram cerca de 9,5%, com tendência de alta para 10%. Nem mesmo durante a crise política e econômica de 2014 a 2016 os juros reais ultrapassaram esse patamar. Esse cenário é consequência de políticas que indicam um caminho para o desequilíbrio econômico.

Manter juros reais em níveis tão elevados não é sustentável a longo prazo. O Brasil enfrenta dois possíveis caminhos: ajustar a política fiscal para permitir uma redução significativa nos juros ou enfrentar uma alta inflação que forçará a redução das taxas reais. Sem uma melhoria fiscal consistente, o custo de financiar a dívida pública continuará a crescer, pressionando ainda mais a economia.

Os superávits primários são essenciais para estabilizar as despesas públicas. No entanto, a lenta resposta do governo em implementar ajustes fiscais aumenta a incerteza, retardando o crescimento econômico e agravando as expectativas inflacionárias. Isso dificulta ainda mais a tarefa do Banco Central em controlar a inflação sem sacrificar a atividade econômica.

Apesar da alta taxa de juros, o mercado de crédito brasileiro mostra resiliência. O crescimento do crédito, combinado com níveis controlados de inadimplência, aponta para uma demanda robusta por financiamento. Empresas e consumidores parecem navegar bem nesse ambiente restritivo, levantando questões sobre a eficácia dos juros altos em frear o crescimento econômico. O mercado de trabalho também se mantém forte, com níveis recordes de emprego e um saldo positivo de contratações formais. A massa salarial continua a crescer, refletindo uma economia que, surpreendentemente, permanece vigorosa.

No setor externo, a atratividade do Brasil para o capital estrangeiro tem se enfraquecido, apesar dos juros altos. A saída de capital em dezembro foi recorde, pressionando a taxa de câmbio e levando o Banco Central a intervenções também em níveis recordes. Uma das maiores questões é como a atividade econômica e a inflação de serviços se mantêm elevadas, mesmo sob um regime de juros tão altos e restritivo. Setores como turismo, serviços pessoais e comércio continuam a crescer, sugerindo uma demanda interna resiliente.

Essa situação cria um paradoxo: a política monetária restritiva deveria desacelerar a atividade econômica e conter a inflação, mas os dados indicam uma economia que continua a expandir. Isso levanta preocupações sobre a eficácia das medidas de política monetária e a necessidade de políticas complementares para controlar a inflação sem prejudicar o crescimento.

Ao longo de 2024, as expectativas sobre o juro neutro — aquele que não estimula nem restringe a economia — mudaram significativamente. Inicialmente estimado em torno de 4,5%, o juro neutro agora é projetado para 5,5% ou até 6%. Essa revisão reflete uma realidade econômica mais complexa, onde fatores estruturais, como a inflação persistente e a rigidez fiscal, desempenham papéis cruciais. Um juro neutro mais alto indica que a economia pode precisar de um período prolongado de juros elevados para conter a inflação, prolongando o período de desaceleração econômica futura e exigindo uma coordenação cuidadosa entre as políticas fiscal e monetária.

A trajetória dos juros reais no Brasil demonstra a importância da coordenação entre as políticas fiscal e monetária. Acelerar a partir da política fiscal e “brecar” através da política monetária está levando a uma situação de desequilíbrio crescente. O governo precisa implementar ajustes fiscais significativos para estabilizar a dívida pública e restaurar a confiança dos agentes econômicos na sustentabilidade. Sem essas medidas, o Brasil corre o risco de entrar em um ciclo vicioso de juros elevados e inflação persistentemente alta, além da possibilidade de um desarranjo maior.

As escolhas feitas em 2025 serão cruciais para determinar o rumo da economia brasileira nos próximos anos. A responsabilidade fiscal e a coordenação eficaz entre as políticas monetária e fiscal são fundamentais para garantir uma trajetória de crescimento sustentável, juros mais razoáveis e evitar crises econômicas futuras. O tempo está se esgotando e o país precisa agir de forma decisiva para superar os desafios econômicos que se avizinham.

Com informações InfoMoney

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

Atenção alunos: A primeira parcela do Pé-de-Meia será paga em fevereiro

MEC (Ministério da Educação) confirmou que o pagamento da primeira poupança prevista no programa Pé-de-Meia para alunos que concluíram o ensino médio será feito...

Brasil registra aumento alarmante de queimadas em 2024: 30,8 milhões de hectares destruídos

Em 2024, o Brasil enfrentou um recorde de queimadas, com 30,8 milhões de hectares devastados, representando um aumento de 79% em relação ao ano...

Em menos de 1 mês, MS registra seis mortes por síndromes respiratórias

Boletim da SES mostra que uma das mortes por SRAG foi de uma mulher de 36 anos, que morava em Campo Grande Em menos de...