O anúncio da venda da maior reserva de urânio do Brasil, localizada na mina de Pitinga, em Presidente Figueiredo (AM), à estatal chinesa China Nonferrous Trade Co. Ltda (CNT), feito na madrugada de 26 de novembro pela mineradora Taboca, pertencente ao governo do Amazonas, levantou polêmica e reações contrárias. A transação transfere para o controle chinês um recurso estratégico, utilizado na geração de energia nuclear e em aplicações militares.
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) criticou duramente o acordo no plenário, classificando-o como um favorecimento a interesses estrangeiros enquanto brasileiros enfrentam barreiras ambientais e jurídicas para explorar recursos naturais. Ele denunciou a falta de transparência na transação e questionou o impacto ambiental e social sobre a região, que vive do turismo e abriga ecossistemas sensíveis.
Eduardo Bortoli, investidor em commodities energéticas em urânio físico e mineradoras e residente em Três Lagoas (MS), também demonstrou preocupação com a soberania energética brasileira. Ele destacou que a negociação ocorreu de forma opaca, com anúncio simultâneo nas bolsas de Pequim e Lima, sugerindo subvalorização do ativo. Bortoli apontou os riscos geopolíticos da concentração desse recurso estratégico em mãos estrangeiras, especialmente devido à proximidade da mina com as fronteiras da Venezuela e Guiana.
A transação inclui, além da reserva de urânio, o fornecimento de nióbio e tântalo, bem como o acesso a uma planta de processamento no estado de São Paulo, segundo informações da imprensa chinesa. Críticos pedem que o governo federal esclareça os detalhes do acordo e assegure que os interesses nacionais foram preservados. A venda da reserva de urânio de Pitinga, portanto, permanece um assunto polêmico e suscita debates sobre soberania nacional e transparência governamental.