Usuários de drogas relatam o impacto do crack em suas vidas e clamam por compreensão e assistência social para superar a situação.
A área próxima ao Centro de Referência de Assistência Social e Educacional (CRASE) “Coração de Mãe”, em Três Lagoas, tornou-se um refúgio para pessoas em situação de vulnerabilidade que enfrentam a dependência química, especialmente do crack. Relatos colhidos na região revelam as dificuldades enfrentadas por essas pessoas, que vivem à margem da sociedade e buscam, muitas vezes, apenas compreensão e uma chance de recomeçar.
Um dos entrevistados pela reportagem da Rádio Caçula, um homem de 49 anos, casado há seis anos, compartilhou o impacto devastador do crack em sua vida. Após quase três anos longe da droga, ele teve uma recaída e agora vive há 12 dias longe de casa, preso ao vício. “O crack destrói. Você perde domínio próprio e sua vida vira uma bagunça”, desabafou. Ele destacou que, apesar do sofrimento, ainda não perdeu a família, mas teme que isso aconteça caso não consiga ajuda.
Outra usuária, também de 49 anos, reforçou que, apesar da situação, as pessoas que frequentam o local mantêm certo respeito pela comunidade. “Nós respeitamos idosos, crianças e a população. Esse lugar é um refúgio, porque temos muitos problemas e buscamos uma forma de aliviar a mente”, explicou.
Entre as críticas feitas pelos entrevistados, o julgamento social foi apontado como um dos maiores obstáculos para a reintegração. “As pessoas só julgam. A gente já está no fundo do poço e quer ajuda, um curso, uma oportunidade. Mas o que recebemos são ofensas e desprezo”, disse um dos frequentadores do local.
Eles também destacaram a importância de pequenas ações que podem transformar vidas. “Às vezes, só um abraço ou ouvir que Jesus ama você pode mudar o dia de uma pessoa”, disse uma das usuárias.
O cenário na região do CRASE é reflexo de uma problemática maior: a ausência de políticas públicas que combinem assistência social, saúde e oportunidades de reintegração. “Precisamos de mais do que repressão. Precisamos de ajuda real, de projetos que ofereçam tratamento e deem novas chances”, clamou um dos entrevistados.
Entre os relatos, o apelo é unânime: as pessoas que enfrentam a dependência química não querem ser vistas como criminosas ou perigosas, mas como indivíduos que precisam de apoio. “Não somos animais. Somos pessoas de família, com histórias e profissões. Compreensão e ajuda podem nos dar uma nova chance”, afirmou um dos frequentadores do local.
A situação da região do CRASE é um alerta para a sociedade e as autoridades sobre a urgência de ações concretas para enfrentar a crise da dependência química, que destrói vidas e comunidades inteiras.