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domingo, 24 de novembro, 2024

Quinta fábrica de celulose do Mato Grosso do Sul vai mudar realidade de Inocência, a cidade do romance

Os poucos mais de 8 mil habitantes da pacata Inocência, na Costa Leste do Mato Grosso do Sul, já começaram a perceber que “as coisas estão mudando”.

A cidade, que foi batizada em homenagem ao romance de Visconde de Taunay, está – como ele mesmo narrou, em 1872, – na região onde “confinam os territórios de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso”, na “parte sul-oriental da vastíssima província de Mato Grosso”.

Inocência está, estrategicamente localizada, na Costa Leste de Mato Grosso do Sul, no Vale da Celulose

E foi justamente essa “vasta” disponibilidade de terras que atraiu, nos idos de 2009, os primeiros investimentos florestais da Arauco.

A empresa, de origem chilena, está no Brasil desde 2002 e anunciou – em junho do ano passado – o plano de construir sua primeira fábrica de celulose no país com capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de fibra curta ao ano e previsão de entrar em operação no início de 2028.

Carlos Altimiras, CEO da Arauco Brasil, em conversa com o apresentador do Jornal da Manhã, Rafael Oliveira

Até lá, a empresa está ciente dos seus “deveres de casa”. “Sempre tivemos muito respeito e cuidado com a comunidade próxima aos nossos empreendimentos. Em Inocência não será diferente”, comentou o CEO da Arauco Brasil, Carlos Altimiras em encontro com jornalistas na tarde da última quinta-feira, 30.11.

Um dos pilares de atuação da Arauco é justamente o planejamento e pensamento de longo prazo. “Para nós, isso também é sustentabilidade”, ressaltou Carlos. E é justamente essa visão que está direcionando os trabalhos de escuta ativa junto à população da cidade que sediará, no total, aproximadamente R$ 15 bilhões em investimentos.

Theófilo Militão, gerente executivo de Relações Institucionais & ESG da Arauco do Brasil

“Precisamos ouvir atentamente para compreender, no detalhe, as expectativas, os sonhos, os desejos, do morador local. E, mais do que isso, respeitar com muita responsabilidade, a cultura da região”, explanou o gerente executivo de Relações Institucionais & ESG, Theófilo Militão.

Esse trabalho vai subsidiar um estudo que, a partir do primeiro quadrimestre de 2024, indicará caminhos para reduzir – ao máximo – eventuais impactos negativos mas também potencializar aquilo que for visto como positivo para Inocência e seu entorno.

OPORTUNIDADES
No pico das obras, o projeto Sucuriú deve gerar 12 mil empregos. Mas, será no início das operações da fábrica que estarão as melhores oportunidades para a população local. Isso porque a empresa tem um atraente plano de carreira e é reconhecida pelo desenvolvimento profissional de seus colaboradores.

Quem iniciar um curso técnico na área industrial em 2024, por exemplo, terá plenas condições de ocupar uma das 2.300 vagas diretas ou indiretas que serão disponibilizadas.

Esse trabalho de conscientização já está sendo feito no município e, mais do que isso, viabilizado através da estratégica parceria com o Sistema S que, a partir do início do próximo ano, vai oferecer vários cursos profissionalizantes.

“O nosso desejo, claro, é que as oportunidades sejam aproveitadas – principalmente – pelos moradores de Inocência”, reafirmou Theófilo.

CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
Uma das missões priorizadas pela companhia no projeto Sucuriú é preparar Inocência para o “boom” que, inevitavelmente, acontece em obras desse porte.

No pico da obra, como já foi dito, a cidade vai receber um número maior de trabalhadores (12 mil) do que a própria população (8 mil).

A estratégia para estabelecer um cenário de crescimento sustentável e harmônico começou com a escolha do local da fábrica, a 47 quilômetros do centro da cidade (123 quilômetros de Três Lagoas, via MS-320), próximo ao rio Sucuriú, que dá nome ao projeto.

Mário Neto, em encontro recente com o Governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel

A ideia é que o trabalhador saia – o mínimo possível – do canteiro de obras para ter acesso à lazer, boas refeições e outros serviços essenciais. “A obra terá a estrutura de uma cidade”, informou o diretor de Novos Negócios da Arauco do Brasil, Mário Neto, em uma entrevista recente.

Fora isso, a empresa colaborou com a Prefeitura de Inocência, por meio de uma consultoria especializada, com a elaboração do Plano Estratégico de Organização Territorial (PEOT) que tem, como objetivo, parametrizar – da melhor forma possível – o crescimento da cidade. “Mesmo assim, sabemos que alguns impactos são inevitáveis”, ressaltou Theófilo Militão.

De fato, a cidade já vive uma realidade de supervalorização imobiliária. O advogado Paulo Henrique Menezes que também é corretor em Inocência, informou que os aluguéis já estão em novos patamares. “Semanas atrás, alugamos uma quitinete por R$ 1.400”, comentou.

O advogado e corretor, Paulo Henrique Menezes: “aluguéis dispararam”

Ele ressalta que já é possível enxergar uma situação diferente da normal. “Mais trabalhadores estão circulando na cidade. E olha que a obra ainda está longe de começar!”, relatou o advogado.

Ele aponta que uma obra de um entreposto da Suzano, próximo à cidade, já está movimentando a cidade e, com isso, sinalizando – pelo menos de forma incipiente – o que ainda está por vir.

VALE DA CELULOSE
A fábrica de celulose da Arauco será a quinta unidade estabelecida em Mato Grosso do Sul. Três Lagoas já sedia três: duas da Suzano (antiga Fibria) e uma da Eldorado Brasil.

A quarta está sendo construída em Ribas do Rio Pardo. Juntas, essas iniciativas vão posicionar o Estado como o maior produtor de celulose do mundo.

E nesse contexto, um detalhe importante não pode passar despercebido. Toda essa produção industrial é 100% sustentável. Um maciço de florestas plantadas de eucalipto de mais de 1 milhão de hectares garante o fornecimento de matéria-prima renovável para os projetos do Mato Grosso do Sul.

Só a Arauco, por exemplo, já tem – assegurados – 280 mil hectares para o projeto. A meta é alcançar aproximadamente 320 (dos 400 necessários) mil hectares em 2024.

Essa é uma característica comum das empresas de celulose no Brasil. Com olhos no mercado internacional, toda etapa de produção é certificada e acontece dentro dos mais rigorosos padrões de exigência ambiental do mundo.

FUTURO
A expectativa agora, principalmente da população do entorno do empreendimento, é com os próximos passos. Ainda há a previsão de obter a licença prévia em 2023. Para o ano que vem, o foco é avançar com os plantios florestais, finalizar o projeto de engenharia básica e, no último quadrimestre, obter a aprovação do conselho da companhia.

O início da operação, marcado para 2028, vai colocar Inocência entre as dez maiores economias do Mato Grosso do Sul e começar, oficialmente, uma história que – certamente – terá muitos novos capítulos.

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