Política – 17/09/2012 – 07:09
O empresário afirmou que o ex-presidente seria o mentor de esquema que teria injetado R$ 350 milhões no caixa do PT. .
O advogado do empresário afirmou que ele não confirma o conteúdo da matéria.
A revista Veja desta semana traz novas revelações sobre o esquema ilegal de financiamento de partidos em troca de sustentação política do governo, conhecido como Mensalão. Segundo a publicação, o empresário Marcos Valério – que já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato, e que ainda será julgado por evasão de divisas e formação de quadrilha – tem se queixado a pessoas próximas, identificadas como parentes, amigos e associados, que está arrependido de ter trocado seu silêncio no início do processo por uma garantia de pena branda, o que está cada vez mais improvável.
Segundo essas revelações que teriam sido feitas a terceiros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria “no epicentro do escândalo” e teria “se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina”.O controle da contabilidade cabia ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, outro réu no processo do Mensalão. O ex-ministro José Dirceu, segundo a reportagem, avalizava a negociação. Também segundo essas revelações, o montante do esquema era maior que os R$ 55 milhões que a SMP&B tomou junto aos bancos mineiros Rural e BMG e do que os R$ 74 milhões que teriam sido desviados da Visanet.
O esquema teria injetado R$ 350 milhões no caixa do PT. Ainda segundo a revista, Valério contou a essas fontes próximas que seu contato com o PT se dava via Paulo Okamoto e que Delúbio Soares “dormia no Alvorada”. Segundo a revista, Lula e Okamoto foram procurados pela reportagem, mas não se pronunciaram. O PT, por meio de seu líder na Câmara Federal, deputado Jilmar Tatto, rechaçou as acusações.
Os principais pontos da reportagem
Caixa do PT teria sido de R$ 350 milhões
A acusação do Ministério Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido com R$ 55 milhões tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, somados a R$ 74 milhões desviados da Visanet. Segundo Marcos Valério, esse valor é subestimado. O caixa do PT seria de R$ 350 milhões, com dinheiro de outras empresas que não tinham relação com a SMP&B e nem com a DNA.
Lula era o chefe do esquema, com Dirceu
Lula não só saberia de tudo como também teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para o esquema – que não contava com registros formais. O presidente se reunia com empresários para combinar as contribuições. O controle da contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares – que também definia os nomes dos que receberiam pagamentos determinados pela cúpula do PT, com o aval do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como o chefe da quadrilha do Mensalão.
Valério se encontrava com Lula no Planalto
Marcos Valério teria se encontrado com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto e também com José Dirceu. A reportagem ainda atribui a Valério a seguinte frase, que teria dito na semana retrasada em Belo Horizonte: “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”. Questionado sobre essa declaração, o ex-presidente não teria respondido.
Okamotto teria agredido mulher do publicitário
Valério teria sido procurado por Paulo Okamotto, assessor de Lula, às vésperas de seu primeiro depoimento à CPI que investigava o Mensalão. Okamotto convenceu Valério a não envolver Lula no escândalo, prometendo dinheiro e proteção. Quando Valério foi preso pela primeira vez, sua mulher, Renilda Santiago, foi pedir ajuda a Okamotto, que a teria agredido fisicamente.
PT teria prometido retardar o julgamento
O empresário diz que nunca recebeu nada do PT. E a proteção, segundo ele, seria retardar ao máximo o julgamento do mensalão no Supremo e, em último caso, tentar amenizar a sua pena.
Delúbio até dormia no Palácio da Alvorada
Delúbio Soares, segundo a revista, participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada e muitas vezes pernoitou por lá com a esposa. Valério, ao contrário do que sustenta o PT, conheceu Delúbio durante a campanha de 2002 por intermédio do petista Cristiano Paz, seu ex- sócio.
Empréstimos do Rural feitos com aval de Lula
Segundo a revista, Valério considera que a decisão do Banco Rural de liberar o dinheiro para suas agências não foi um favor a ele, mas ao governo Lula. “Você acha que chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebrad
Valério não confirma, diz seu advogado
O advogado Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, afirmou ontem que seu cliente não conversou em momento algum com a reportagem da Revista Veja. “Ele disse para mim que não deu nenhuma entrevista e não confirma o conteúdo da matéria”, afirmou. A declaração contraria o que a revista sustenta: que Valério não quis dar entrevista, mas não desmentiu o teor da reportagem.
O advogado de Dirceu, José Luís de Oliveira Lima, disse “achar esquisito, para dizer o mínimo”, a publicação da reportagem às vésperas do julgamento do ex-ministro, previsto para começar amanhã no Supremo Tribunal Federal (STF). Para defender o cliente, ele desqualifica o texto: “A Veja apresenta uma matéria fraca, leviana, desprovida de fatos concretos, num exemplo de péssima conduta jornalística, onde nem se sabe quem está falando”.as e pediu: ‘Me empresta aí R$ 30 milhões pra eu dar pro PT’? O que um dono de banco ia responder?” Os empréstimos, teria dito Valério, não existiriam sem o aval de Lula e Dirceu.
“Vão quebrar a cara”, diz líder do PT
O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), desqualificou ontem as declarações atribuídas a Marcos Valério pela Veja. Ele disse que o povo conhece Lula. “Vão quebrar a cara aqueles que querem tentar envolver o presidente Lula nesse processo. O presidente Lula teve um procedimento correto. O povo brasileiro sabe quem é Lula e o que ele fez de bom”, defendeu o petista. Tatto também descartou um possível impacto político das declarações atribuídas a Valério na proximidade das eleições. O ex-presidente não deu declarações sobre o assunto.
Fonte: Agência Brasil / DCI
