Banco Central estuda
O Banco Central (BC) está explorando inovações para o Pix, o sistema de transferências e pagamentos instantâneos que se tornou extremamente popular no Brasil, e também está considerando tornar efetiva a portabilidade das dívidas do cartão de crédito rotativo.
Algumas dessas possíveis medidas foram adiantadas por Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Aqui estão as atualizações em estudo:
Portabilidade do cartão de crédito rotativo De acordo com Gomes, a implementação da portabilidade do rotativo, já utilizada nos Estados Unidos, aumentaria a concorrência. Esse modelo permitiria que os consumidores escolhessem o banco de sua preferência para pagar suas dívidas e negociar taxas de juros mais baixas. “Se as pessoas não transferirem suas dívidas de uma instituição para outra, há pouca pressão sobre as taxas de juros”, afirma o diretor do BC.
Embora a portabilidade já seja possível no Brasil, o BC destaca que existem muitas dificuldades no caso das dívidas do cartão de crédito rotativo. “As taxas de juros do rotativo estão em níveis muito elevados, o que causa grande preocupação para o governo. Aqui no BC também estamos preocupados com esses números tão altos”, afirma Gomes.
Em abril (último dado disponível), as taxas de juros do cartão de crédito rotativo atingiram 447,7% ao ano, o maior patamar desde 2017. A inadimplência no período ultrapassou 51%.
O BC está estudando a criação do Pix Automático, que seria uma versão avançada do débito automático. Atualmente, esse modelo funciona por meio de convênios entre prestadoras de serviços e bancos. Se um cliente deseja configurar o débito automático, ele precisa ser cliente de um desses bancos que possuem convênio. Com o Pix Automático, o pagamento poderia ser feito diretamente.
Segundo o BC, o Pix Automático seria aplicável a serviços de telefonia, energia, streaming, pagamentos recorrentes e compras com parcelamento prolongado, entre outros exemplos.
O BolePix seria uma versão do Pix para boletos – uma replicação do boleto, na verdade. Nesse caso, o QR Code seria gerado como boleto e o cliente poderia fazer o pagamento usando o Pix. O sistema informaria imediatamente, no momento do pagamento, se o boleto foi pago ou não. A expectativa do BC é que o BolePix seja implementado até 2024.
Pix Garantido Ainda em fase de desenvolvimento, o Pix Garantido é uma solução que incentivaria a competição no crédito no momento da compra.
Na prática, seria possível parcelar compras usando o Pix, com garantia de pagamento para o vendedor.
“Existem soluções em que, ao finalizar uma compra, a empresa se conecta às instituições financeiras que oferecerão a opção de crédito para concluir a compra via Pix”, afirma o diretor do BC.
“Como existem muitas oportunidades e não sabemos exatamente como o modelo de negócios vai evoluir, estamos dando um passo atrás, observando o progresso. Mas é algo que consideramos positivo”, completa Gomes.