Policial – 19/01/2012 – 09:01
Corpo do então prefeito de Santo André foi encontrado há dez anos
Seis acusados de matar o prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002, devem ser julgados neste ano. A avaliação foi feita por Marcio Augusto Friggi De Carvalho, promotor do Gaeco (Grupo de Apoio Especial ao Crime Organizado) no ABC paulista, nesta semana em que o crime completa dez anos.
- Não tem data ainda [para o julgamento], mas certamente – em relação aos outros acusados, menos o Sombra – o julgamento deve acontecer ainda neste ano.
Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro de 2002, mas seu corpo só foi encontrado dois dias depois, no dia 20, em uma estrada de Juquitiba, cidade a 78 km da capital paulista.
Apesar de o crime ter acontecido em janeiro de 2002, dos oito acusados, apenas um foi julgado. Em 2010, Marcos Bispo dos Santos foi condenado a 18 anos de prisão.
Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, é apontado pelo Ministério Público como mandante do crime e responde separadamente pelo assassinato. Na época do sequestro, ele era assessor e amigo próximo de Celso Daniel e saia de um jantar com a vítima na noite em que o então prefeito sumiu.
Os promotores dizem que a morte de Daniel aconteceu porque a vítima teria descoberto um esquema de corrupção na prefeitura de Santo André para financiar campanhas do PT e que o sequestro teria sido simulado. A tese, porém, cria um conflito com a versão da polícia, que concluiu que o assassinato foi um crime comum sem cunho político.
A investigação
A Polícia Civil terminou o inquérito em abril de 2002, cerca de três meses depois do crime. Com base em depoimentos dos acusados, os policiais do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) concluíram que o então prefeito de Santo André foi sequestrado por engano por uma quadrilha de seis pessoas.
Segundo as investigações, quando o grupo se deu conta de quem era vítima, o chefe ordenou a soltura. Porém, a ordem teria sido descumprida por um dos integrantes, que matou Celso Daniel porque ele teria visto o rosto do criminoso.
No entanto, após uma investigação complementar, o Ministério Público, concluiu que o crime teve motivação política, relacionada ao esquema de corrupção na administração municipal. Sombra é apontado como o mandante do crime e responde ao processo em liberdade.
Versão da namorada
Apesar da posição do MP, a socióloga Ivone Santana, namorada de Celso Daniel na época do crime, diz acreditar que o assassinato não teve motivação política. Na época do crime, Ivone já havia dado declarações dizendo que achava que o prefeito foi vítima de um crime normal.
- Eu não tenho elementos para mudar minha posição. Ninguém se beneficiou com a morte do Celso, pelo contrário, todo mundo perdeu muito.
Ivone diz ainda que não tem informações sobre suspeita de propina na prefeitura de Santo André e que não acredita que Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, seja mandante do crime.
- Ou a pessoa mata por uma diferença irreconciliável ou tem um ganho com isso. Mas a vida do Sérgio acabou depois disso. Eu vejo isso e não vejo evidência [de participação do Sérgio no crime].
Ela disse que não teve acesso à integra do processo judicial e que as informações que tem são as que foram veiculadas pela imprensa.
Ivone teve uma filha com Celso Daniel. A paternidade da jovem, no entanto, só foi reconhecida no ano passado após um exame de DNA.
Fonte: R7