Geral – 17/01/2012 – 10:01
O aumento do salário-mínimo em 14,13% em vigor a partir deste mês vai injetar R$ 136,2 milhões na economia do Grande ABC. É o que mostra levantamento da Universidade Municipal de São Caetano, a pedido da equipe do Diário, com previsão de que o piso paulista, concedido pelo governo estadual – e pago no Estado – também seja elevado nesse patamar (o que deve ocorrer, segundo o governo).
O piso estadual parte de R$ 600, pago a domésticas, passando por R$ 610, até R$ 622. O mínimo federal é concedido a aposentados e pensionistas. Seja qual for, o montante será movimentado por 136 mil indivíduos com mais de 18 anos.
Somente a classe C das sete cidades, cerca de 77,1 mil moradores, vai abocanhar 56,7% dos pagamentos. Número que significa R$ 77,2 milhões em 12 meses, incluindo o pagamento do 13° salário. É o mesmo que dizer que, a cada R$ 100 elevados via salário-mínimo na região, R$ 57 vem da classe C.
As classes D e E devem ficar com 12% desse impacto, contra 31% das classes mais altas. Isso porque as faixas A e B são mais numerosas, com integrantes da família cujos salários são indexados pelo mínimo paulista.
A parcela destinada à nova classe média tem menor impacto do que o valor concedido na Capital. Estudo divulgado ontem pelo Data Popular mostra que a elevação do mínimo a R$ 622 vai gerar acréscimo de R$ 63,9 bilhões na economia do País. Em nível nacional, 75,5% desse valor virá da classe C (R$ 48,3 bilhões) até dezembro.
A diferença proporcional entre as regiões ocorre porque no Grande ABC a faixa predominante é a B. “Nosso perfil vem sendo construído na instalação das indústrias, que consolidou o maior nível de escolaridade, acima do padrão nacional. Além disso, temos uma economia mais sólida, com maior peso em termos sociais”, indica o coordenador do Instituto de Pesquisas da USCS, Leandro Prearo. Ele também alerta para o fato de que aqui é utilizado o critério Brasil de classificação de faixas sociais. O Data Popular utiliza outra metodologia para elaboração do estudo.
O sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles, analisa que a injeção de grana impulsionará a atividade econômica neste início de ano, sobretudo após fase de pagamento de impostos. “Agora acreditamos que a maior parte desse dinheiro a mais será destinada às compras.”
INFORMALIDADE – Para Prearo, o setor informal deve gozar dos maiores benefícios advindos do aumento dos salários-mínimos. Especialmente para domésticas e trabalhadores da construção civil. “Eles vão tentar, com os patrões, correção com base no mínimo. Isso tem impacto grande porque em 2011 o maior aumento de renda foi nesse público que hoje atua nos canteiros de obras”, afirma o coordenador.
Integrantes da faixa D vão subir para a C em dois anos, diz instituto
O crescimento da renda e do crédito deve engordar ainda mais a nova classe média nos próximos anos. Segundo levantamento da Data Popular, divulgado ontem, em 2014, 58,3% da população brasileira devem alcançar esse patamar econômico. Até dezembro, o número correspondia a 53,9% e, em 2004, era 42,4%.
Segundo o sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles, as faixas menos favorecidas economicamente devem movimentar todo o valor pago pelo Bolsa Família nos últimos 12 meses, de R$ 12,4 bilhões. “A nossa perspectiva é que grande parte da classe D seja classe C já em 2014, enquanto a classe C estará a um passo da sua extinção.”
IMPACTO POR REGIÕES – O instituto também apurou que, dos R$ 63,8 bilhões acrescidos na economia nacional com aumento do mínimo, 36,4% serão representados pelo Sudeste. Número equivalente a R$ 23,2 bilhões. O Nordeste é a segunda região a desfrutar da elevação de renda, representando R$ 22,5 bilhões (35,2%) do dinheiro acrescido ao mínimo.
Fonte: Do Diário do Grande ABC