CAMPO GRANDE (MS) – No Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, destacamos a história de quatro mulheres vitoriosas, que conseguem, diariamente, vencer desafios e conquistar espaços na sociedade. Marcella, Larissa, Amanda e Valesca fazem parte do Governo do Estado, seja no trabalho remunerado ou no acesso aos serviços prestados. Conheça agora a jornada delas, que inspiram outras pessoas..
Mãe de quatro filhos, Marcella Andrade Morisco tem 35 anos e é investigadora da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Nomeada em 2021 para o cargo que ocupa, ela coleciona aprovações em concursos públicos. Já foi assistente de vistoria e identificação veicular do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) e recentemente passou em um concurso de Mato Grosso para ser delegada. Ela conta que o desejo de seguir carreira na segurança surgiu após um evento trágico em 2015.
“Minha irmã foi assassinada”, lembra. O crime motivou ela a “trabalhar pelo bem social e poder contribuir com algo a mais, principalmente na área de combate à violência contra a mulher”. Nos nove meses e 11 dias de Academia de Polícia Civil, Marcella viveu dias intensos por conciliar a formação com a maternidade e ainda enfrentar uma contaminação grave por Covid-19. “Quando iniciei o processo, meu filho mais novo tinha 16 dias de vida. Isso foi um motivo maior para eu seguir em frente”, diz. Hoje, trabalhando na cidade de Angélica, ela se sente realizada. “Todo esforço valeu a pena, toda lágrima, todo choro”, afirma.
Larissa Castilho tem 37 anos e trabalha como diretora-geral de Vigilância em Saúde da SES (Secretaria de Estado de Saúde). O setor que ela comanda é responsável pela gestão da pandemia de Covid-19 no Estado, da imunização à tabulação dos dados com o boletim epidemiológico. Por isso, os últimos anos, para ela, foram de muito trabalho e desafios. “24 horas por dia”, comenta. Em todo esse tempo, o maior deles foi conciliar a vida profissional e pessoal.
“A gente tenta ajustar e aprimorar nosso tempo, principalmente na pandemia, que sugou nossa energia. Sempre trabalhando e ao mesmo tempo atendendo a família. Tenho uma filha de 12 anos, que é adolescente”, conta. Olhando para o futuro, Larissa planeja continuar a cuidar da saúde sul-mato-grossense. “Espero que a gente viva em paz e, além da Covid-19, continuar a melhorar a saúde da nossa população”, diz.
Com 20 anos de idade, Amanda Caetano Amorim mora na Aldeia Córrego Seco, em Aquidauana, mas está prestes a se mudar para Campo Grande. Ela vai sair da comunidade onde nasceu em busca da realização de um sonho: se tornar médica. Em janeiro deste ano, após uma pesada rotina de estudos no ensino médio, incluindo cursos no ensino técnico, preparatórios e de pré-vestibular, a jovem que fazia as atividades escolares em um celular, pois não tinha notebook com internet wi-fi, passou em primeiro lugar no vestibular de Medicina da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). “Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida”, recorda a estudante sobre o dia em que descobriu a aprovação.
Aprovada em 1º lugar no vestibular, Amanda quer ser pediatra e trabalhar na aldeia onde nasceu (Foto: Arquivo pessoal)
Amanda sabe que a rotina daqui pra frente não será nada fácil, ainda mais porque está grávida, mas ela tem certeza que a determinação que carrega desde criança e apoio que recebe da família farão dela vencedora. “Espero ter força para enfrentar um dia de cada vez, eu sei como é essa rotina e eu passei vários dias da minha vida acordando 5h e dormindo meia noite para poder dar conta dos estudos. Eu sei que vai ser a mesma rotina (na universidade), ou até pior. Eu sonhei com essa profissão a minha vida toda, desde criança. Mesmo sendo muito dedicada e tendo boas notas a vida inteira, eu já vi muitas risadas e deboches desse sonho. Então, superando todas as dificuldades de todos esses anos eu consegui passar. E agora eu tenho mais um motivo e um dos melhores que existem: que é minha menina que vai nascer em abril. Ela não foi planejada, mas é muito esperada por mim e minha família. Ela agora é meu maior motivo para aguentar todos os dias e dar o meu melhor para me formar. Espero que daqui seis anos eu possa voltar para Aquidauana, poder atender as aldeias da minha região e voltar viver na minha aldeia como profissional. Eu amo minha comunidade e eu sei que eu faço parte dela e ela é parte de mim. Voltar para cá é um dos maiores objetivos e motivações. Eu achava que seria difícil alguém nas minhas condições chegar lá. Conseguir realizar o sonho de criança. Quero servir de inspiração e motivação para crianças. Se eu consegui elas também conseguem“, relata a jovem, que pensa em ser médica pediatra.
Valesca da Silva Cruz, de 23 anos, também nasceu em Aquidauana. Depois de ser aprovada em Jornalismo na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso Sul) a jovem se mudou para a Capital. Ao iniciar a rotina de estudos, ela foi aprovada pelo programa Vale Universidade, da Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho), e estagiou por três anos na assessoria de comunicação da própria secretaria. Agora, no último ano da faculdade, ela conseguiu passar na seleção do Programa de Estágio Supervisionado do Governo do Estado e conquistou uma vaga na Superintendência Socioeducativa da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública).
Valesca está no último ano de Jornalismo (Foto: Arquivo pessoal)
“Venho de uma família de baixa renda, que tem a realidade econômica diferente da maioria, e o Vale Universidade foi a única forma de eu conseguir me manter estudando. Eu moro sozinha e com esse novo programa, agora, eu tenho um ganho melhor, já que a bolsa oferecida é maior. Esses dois programas são essenciais. Se eu não tivesse acesso a eles não conseguiria ter que trabalhar normal e me dedicar aos estudos”, destaca a jovem. Ao deixar uma mensagem de apoio e incentivo para quem está começando a vida acadêmica, Valesca é clara: “não desista”. “Toda conquista passa por uma dificuldade. Mesmo se estiver com medo, vá com apoio dos familiares e dos amigos. Acredite em você”, pontua.