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segunda-feira, 25 de novembro, 2024

Com suposto filho de Jamil Name lutando por parte na herança, corpo pode ser exumado

Briga na Justiça deve ter resposta até a sexta-feira (28); herança de Jamil está na casa dos bilhões

Umas das famílias mais notórias em Mato Grosso do Sul vive um drama digno de novela: seis meses após morte de Jamil Name, que foi réu da operação Omertá, um filho “perdido” quer garantir seus direitos no inventário da família Name.

O autônomo Afrânio Brocuá, residente do município de Osasco (SP), garante ser meio irmão de Jamil Name Filho e do deputado Estadual, Jamilson Name.

O valor da herança ainda é um mistério, mas em perícia psiquiátrica feita em 2021, Name apontou que ter precatórios a receber de aproximadamente, R$ 41 bilhões, além de ter faturado R$ 1 bilhão sendo dono de uma mina ametista.

O valor dos precatórios seria quase três vezes maior que o orçamento do Governo em 2021, sendo aproximadamente R$ 16,8 bilhões.

Afrâncio já possui a paternidade por presunção, lavrada pela 1ª Vara de Família de Sucessões de Osasco. Tal medida está prevista na Lei 12.004/09 e garante a presunção a paternidade nos casos onde o réu se recusa a realizar exame genético.

Contudo, os advogados de Jamilson defendem que a presunção foi dada de forma equivocada, porque Jamil não se recusou a fazer o teste de DNA.

Em 2005, Afrânio e Jamil disponibilizaram material genético para o Instituto de Perícia Científica de Mato Grosso do Sul (IPC-MS), que demonstrou a falta de compatibilidade entre os dois e alegou que Jamil não era pai do autônomo.

Afrânio, por sua vez, contestou a veracidade do teste, afirmando que a família Name possui grande influência em Campo Grande e poderia ter forjado as amostras. 

Então, entrou na Justiça novamente e pediu para que Jamil enviasse nova amostra para São Paulo, para que as comparações fossem feitas no laboratório de Osasco. 

Contudo, a equipe de advocacia de Jamilson disse que orientou o cliente a não enviar as amostras por não considerarem o transporte seguro, já que não foi informado como a coleta de sangue seria lacrada e enviada.

“Obviamente nós, defendendo o cliente e sabendo que é uma pessoa pública e notória, que tem posses, a gente não vai deixar o sangue dele ser enviado de qualquer maneira para o estado de São Paulo”, disse o advogado responsável pelo processo, João Paulo Sales Delmondes.

O juiz de Osasco, desta forma, entendeu como uma recusa ao teste e concedeu a Afrânio a presunção por paternidade. 

Delmondes afirmou ainda que, na ocasião, a equipe solicitou a coleta fosse simultânea entre Afrânio e Jamil, e que a família custearia o viagem do autônomo à Campo Grande para realizar nova coleta de amostras. 

Além disso, após Afrânio contestar o resultado do teste de DNA, feito em 2005, o deputado Jamilson Name também fez o teste de paternidade com o mesmo material genético de Jamil em outubro de 2021, usado no exame de Afrânio, que confirmou a compatibilidade entre pai e filho.

O mesmo material genético ainda está disponível no IPC-MS e a família Name agora judicializou ação para que novo exame seja feito com a amostra. 

Em último caso, segundo o advogado, a família se disponibilizou a fazer a exumação do corpo de Jamil Name para coletar novo material.

A reportagem tentou contato com Afrâncio, através do telefone de sua empresa disponibilizado na internet, mas não obteve resposta.

Família Name de réu

Jamil Name morreu aos 82 anos em decorrência da Covid-19. O réu da Operação Omertá, estava internado desde 31 de maio de 2021 em Mossoró (RN), mas o caso se agravou.

O réu foi preso em 27 de setembro de 2019, na Operação Omertà, sendo acusado de pertencer a uma organização criminosa voltada a crimes de milícia armada, ligado a práticas de desobstrução de justiça, corrupção ativa, aquisição de armas de fogo de uso restrito, extorsão e lavagem de dinheiro, dentre outros crimes.

No dia 30 de outubro do mesmo ano, foi transferido para o Presídio Federal de Mossoró. Os advogados tentaram mais de 20 pedidos de prisão domiciliar para Jamil Name, mas todos foram negados. 

Em setembro de 2019, quando a Omertá foi deflagrada, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e a Polícia Civil prenderam policiais, empresários e guardas municipais investigados por serem membros de grupo de extermínio.

Conforme informações do Ministério Público, a suspeita é que grupo chefiado por Jamil Name e o filho Jamil Name Filho, teria executado ao menos três pessoas em junho de 2018, na Capital. 

Duas das mortes interligada aos Name, foram a do ex-chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson de Figueiredo e do estudante de direito Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, morto a tiros de fuzil em abril de 2019, enquanto manobrava o carro do pai.

Um mês após a morte de Matheus, policias do Garras e do Batalhão de Choque desmantelaram um arsenal de armas que estava em posse de um guarda municipal. Conforme o Gaeco, as armas pertenciam aos grupo de extermínio e investiga se eram utilizadas nas execuções.

Histórico

A vida de luxo de Jamil Name começou em 1957, quando morava em São Paulo. Em 1958 foi morar sozinho em Campo Grande, onde fez sociedade com um conhecido e passaram a fazer anotações de jogo de bicho e pif-paf.

Depois de algum tempo desfez a sociedade e passou a fazer a anotação do jogo sozinho. Após isso, fez sociedade em negócio imobiliário, fundando a imobiliária Fena, fazendo muitas transações em terras em Mato Grosso (antes da divisão), São Paulo e Paraná.  

Abriu também diversos loteamentos de condomínios na Capital de Mato Grosso do Sul. Name era dono de diversas empresas, inclusive do Jóquei Club, já foi presidente do Operário Futebol Clube e teve seu nome envolvido em negócios ilícitos.

Informações Correio do Estado

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