Saúde – 09/06/2012 – 09:06
É só um furinho, mas pode mudar a vida do seu filho. E os especialistas garantem que nem dói tanto quanto você pensa. Assista ao nosso vídeo e saiba a importância desse exame e como ele é realizado
Sabe aquela picadinha no pé do seu filho assim que ele nasce? É o teste do pezinho. Segundo dados divulgados nesta quarta (6) pelo Ministério da Saúde, todos os estados brasileiros contam com postos de coleta de sangue para realização do teste. Em oito anos, foram realizados pelo SUS mais de 19 milhões de exames.
O Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que realiza o teste do pezinho, alcançou 83% de cobertura entre as crianças que nasceram no ano passado. Em 2000, o índice de cobertura nacional era de 56%.
Mas você sabe por que esse exame é indispensável? CRESCER acompanhou um teste em uma maternidade e mostra como é feita a análise do exame na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que avalia metade dos testes realizados no estado de São Paulo.
O teste básico é obrigatório e gratuito no Brasil desde 1992. Ele engloba as doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística.
Na rede privada, a maioria das maternidades oferece o teste do pezinho ampliado (chamado de mais ou super), que pode contemplar entre 10 e 46 doenças, entre elas infecções congênitas e toxoplasmose congênita. Há ainda o teste personalizado, realizado de acordo com a orientação do médico e a necessidade do paciente. Em algumas maternidades, o exame é gratuito, em outras, chega a custar até R$ 325, segundo a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), que introduziu o exame no país em 1976.
Em nota, o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, diz que o teste do pezinho é uma ação preventiva que permite fazer o diagnóstico de algumas doenças a tempo de interferir na evolução delas por meio do tratamento específico.
Como é feito
Para o teste, é coletada uma amostra de sangue do calcanhar do bebê, daí o nome popular para essa triagem neonatal, e colocada num papel tipo mata-borrão para então ser encaminhado ao laboratório. Esse procedimento deve ser feito até 48 horas depois do nascimento, desde que o bebê tenha mamado. “Prematuros, porém, devem voltar ao hospital após 30 dias para uma nova etapa de exames”, diz Renato Kfouri, neonatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM).
O resultado pode demorar até 30 dias, e é fundamental que os pais se informem no hospital como devem fazer para obter o resultado. Caso haja alguma alteração, será solicitada uma nova coleta de sangue. “O que pode acontecer, por exemplo, é o primeiro teste indicar um resultado falso positivo e, no segundo, dar tudo normal”, diz Renato.
Não é só no pezinho…
Esse teste á uma coleta de sangue, por isso pode ser feita em outras partes do corpo, como no braço. O exame ganhou este nome porque, nos primeiros programas de triagem neonatal, a coleta era feita na parte lateral do pé do bebê, que é mais irrigada e dói menos.
As doenças diagnosticadas na versão básica do teste
Fenilcetonúria (PKU)
Causada pela deficiência no metabolismo do aminoácido fenilalanina. O acúmulo no organismo pode causar deficiência mental.
Frequência: 1 para cada 15 mil nascidos vivos
Hipotireoidismo Congênito (TSH T4)
Causada insuficiência do hormônio da tireoide. A falta de tiroxina pode causar retardo mental e comprometimento do desenvolvimento físico
Frequência: 1 para cada 4 mil nascidos vivos
Anemia Falciforme e outras hemoglobinopatias
Alteração da hemoglobina que dificulta a circulação, podendo afetar quase todos os órgãos. Pode causar anemia, atraso no crescimento e dores e infecções generalizadas. É incurável.
Frequência: 1 para cada 400/1.000 nascidos vivos
Fibrose Cística (IRT)
Ocorre aumento da viscosidades das secreções, propiciando as infecções respiratórias e gastrointestinais. Ataca pulmões e pâncreas. É incurável.
Frequência: 1 para cada 2.500 (brancos)/17 mil (negros)/90 mil (amarelos)
Fonte: APAE SP / Crescer