O Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) intensificou a realização de leilões para esvaziar pátios do Estado até 2022. Já foram feitos 36 leilões, com veículos de circulação e sucatas, até este mês, enquanto em todo ano de 2020 houve apenas 30.
A diretora de Registro e Controle de Veículos do Detran-MS, Loretta Figueiredo, explicou que, mesmo com o alto ritmo de vendas, ainda será necessário mais um ano para organizar o processo de entrada e saída de veículos no departamento.
“Já alcançamos a meta do ano passado e a ultrapassamos. Temos a intenção de fazer uma quantidade alta de leilões, para dar facilidade para todo mundo também, porque, às vezes, a pessoa fica com o carro preso aqui, fica tomando espaço e cria até animais peçonhentos – é um perigo esse espaço”, disse Loretta.
“Ao mesmo tempo tem gente querendo comprar veículos, sucata. Tem pessoas que trabalham com sucatas e estavam nos pedindo leilões, mas não tínhamos estrutura para fazer”, completou.
A reportagem esteve no pátio do Detran-MS da Capital e também em Dourados e ambos têm uma realidade diferente. Enquanto em Campo Grande o local está praticamente vazio, no interior há mais veículos, porém, não há mais a necessidade de se empilhar as sucatas para que os veículos caibam no local.
Sobre esses diferentes cenários, o departamento ressalta que, por se tratar de um serviço constante, será impossível acabar totalmente com os veículos nos pátios, uma vez que a cada carro que sai outro entra no local.
Entretanto, com o aumento do número de leilões, o tempo de permanência nos pátios será menor. Outro fator é a proximidade de Dourados com a fronteira com o Paraguai, região onde há muitas apreensões de drogas e, consequentemente, de veículos que a transportam.
A meta do órgão é realizar mais 10 a 15 leilões ainda este ano e, pelo menos, efetuar a mesma quantia em 2022. “Se conseguirmos, vou poder dizer: ‘Olha, está fluindo’. Agora [nossa meta é:] prendeu, depois de 60 dias vai para leilão”.
Loretta faz referência à normativa do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que autoriza as entidades estaduais a leiloarem veículos que estão há mais de 60 dias nos pátios e cujos proprietários não se manifestaram para fazer a retirada.
“Quanto mais tempo o veículo ficar no pátio, mais depredação ele vai sofrer – e a intenção não é essa. Se não houver a depredação, a gente pode leiloar como circulação também, existe uma infinidade de pessoas que gostam de adquirir veículos pelo leilão porque têm um valor bem mais baixo”, apontou.
“Acaba se tornando rentável arrumar o veículo e, depois revender, então dá uma certa movimentada na economia do Estado”, completou.
Até este mês, o Detran-MS apreendeu 10.049 veículos em Mato Grosso do Sul, como motos, ônibus, caminhões e caminhonetes. Em 2020, foram 12.695 apreensões, e em 2019, foram 14.215.
O Detran-MS não tem estimativa da capacidade de cada pátio, na sede da unidade em Campo Grande, por exemplo, o mesmo espaço que consegue abrigar 15 mil motos teria capacidade de conter apenas cinco carretas, além da possibilidade de empilhar sucatas em casos extremos, como já aconteceu anteriormente.
No início de 2019, os pátios alcançaram níveis alarmantes de lotação. Só em janeiro daquele ano, eram cerca de 48,5 mil veículos alocados, sendo 19,5 mil só na Capital. Loretta afirmou que havia carros apreendidos até nos estacionamentos da sede.
A alternativa criada foi credenciar mais empresas para guardar os veículos e realizar mais leilões. Com o início da pandemia, foi necessária a adaptação deste formato de venda, que passou a ser on-line em março de 2020.
“Aquela montanha de carros não existe mais. Tinha carros saindo pela cerca lá na rodovia, mas, na minha visão, o pátio ainda está lotado, sim. Enviar os veículos para as empresas credenciadas não é tampar o sol com a peneira”, ressalta.
“Quando está no pátio credenciado, o dono ganha dinheiro com o leilão, então ele quer dar fluidez e vai pressionar o setor de leilões, vai arrumar os veículos de forma a ficar mais fácil as seleções dos veículos – eles têm estrutura para isso. Não é só olhar e falar ‘quero leiloar’. Tem todo um preparo, e o pátio credenciado tem toda uma estrutura”, finaliza.
ABANDONADOS
De acordo com o Detran-MS, existem pessoas que arrematam sucatas nos leilões, mas não aparecem para buscá-las. Por causa disso, em 2020, foi instituída uma nova política para evitar o acúmulo deste tipo de material nos pátios.
“Se a pessoa não vier buscar, a gente coloca no próximo leilão. Existem, sim, pessoas que arrematam sucatas e não vêm buscar, mas, caso isso aconteça, elas estão aptas a entrar no próximo leilão. Então, com isso, estamos conseguindo esvaziar”, relatou Loretta.
A diretora ainda informou que não tem estimativas de quantas pessoas já fizeram isso, exatamente por haver essa circulação. A reportagem entrou em contato com todas as leiloeiras credenciadas, que têm contato direto com os compradores.
Apenas duas retornaram até o fechamento desta edição, mas ambas informaram que não registraram casos em que os clientes abandonaram os materiais.
Informações do site Correio do Estado