Saúde – 14/05/2012 – 12:05
O índio Pataxó Emerson Braz, de 13 anos, que esperava uma doação de sangue para realizar uma cirurgia de coração, passa pelo procedimento nesta segunda-feira (14), no Hospital Martagão Gesteira, em Salvador. Há mais de dois meses o jovem aguardava quatro bolsas de sangue necessárias para a realização da operação.
O tipo do sangue dele é “O positivo”, que segundo os médicos é um dos mais comuns entre os brasileiros. A dificuldade em encontrar um doador compatível é que o sangue dele tem um sistema de grupo sanguíneo chamado “Diego B negativo”, que é raro na maioria da população brasileira.
“O mais conhecido dos grupos sanguíneos é o sistema A B O. Existem outros sistemas que não são conhecidos que também são importantes na hora de transfusão. Tem um sistema de grupo sanguíneo chamado Diego. Tem o A e o B. Cada um pode ser positivo ou negativo. Ele (o índio) tem o Diego negativo, que é muito raro na população em geral, é mais comum em índios e asiáticos. Essa é a dificuldade. No sistema A B O, ele [o índio] é O positivo. Além de ser O positivo ele tem o sistema Diego negativo”, afirma o hematologista Marinho Marques, diretor de hemoterapia da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba).
Duas bolsas do sangue foram encontradas em Marília, no interior de São Paulo, e as outras duas em Eunápolis, no sul da Bahia.
Problema cardíaco
A mãe de Emerson, a índia pataxó Evani Cardoso Braz, conta que o menino começou a apresentar sintomas do problema no coração há cerca de quatro meses. “Ele começou a sentir umas dores e ter falta de ar, não conseguia dormir direito. Levamos ele para um hospital em Itamaraju (cidade no sul da Bahia) e ele foi transferido para Salvador para fazer exames”, afirma.
Foi no Hospital Martagão Gesteira, localizado no bairro do Tororó, na capital baiana, que o garoto indígena recebeu o diagnóstico. A unidade é especializada no tratamento de crianças com problemas no coração. Emerson tem um problema em uma das válvulas do coração que dificulta a circulação do sangue. O nome da doença é valvulopatia. Enquanto não realizava a cirurgia, a saúde de Emerson foi controlada por remédios.
“Ele não pode correr, brincar como antes, fica mais em casa agora. Sinto que o coração dele não bate igual ao nosso. O coração dele é acelerado. Às vezes eu ficou preocupada porque aqui é muito difícil, demora para chegar socorro. Eu tenho muita esperança de conseguir que ele faça essa cirurgia”, disse a mãe do menino, antes das bolsas de sangue serem recebidas.
Emerson é o segundo de quatro filhos da índia Evani, que tem 32 anos. Ela conta que não trabalha, que a família vive da agricultura de subsistência na aldeia Jataí e os remédios usados por Emerson são doados pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Fonte: G1