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sábado, 5 de outubro, 2024

Crise no mercado financeiro pode impactar preço dos combustíveis

Nova política adotada pela Opep refletiu em todas as bolsas de valores e Petrobras teve prejuízos históricos

10/03/2020 11h06
Por: Mirela Coelho

O mercado financeiro internacional começou a semana em alvoroço. As preocupações com o coronavírus e a crise no preço do petróleo atingiram também a Bolsa de Valores brasileira, que caiu mais de 10% na manhã desta segunda-feira (9) e teve de acionar o “circuit breaker” – uma parada estratégica. A crise no petróleo fez com que a Petrobras já abrisse o dia com baixa de 21,11% em suas ações. Com a queda no preço do petróleo e nas ações da estatal, o mercado projeta uma possibilidade de redução no preço dos combustíveis derivados do petróleo.

Conforme informações, os preços do petróleo já estavam em queda por conta do avanço da epidemia de coronavírus, que desacelera a economia global e afeta a demanda por energia. Na tentativa de conter essa queda, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) propôs na sexta-feira (6) a redução da produção de petróleo para estabilizar os preços.

A Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, condicionou o corte à colaboração da Rússia. A Rússia, líder informal da Opep+, não aceitou uma proposta de reduzir a oferta coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia. Com a negativa da Rússia, a Arábia Saudita reagiu, no domingo (8), ao anunciar uma redução no preço de venda e um aumento na produção a partir de abril. Com isso, os preços desabaram.

REFLEXOS

No País, assim como em Mato Grosso do Sul, o maior reflexo pode ser a queda do preço da gasolina e do diesel aos consumidores. A Petrobras adotou uma política de paridade internacional para definir o preço da gasolina que vende às distribuidoras. Com isso, a estatal deve promover uma redução nos preços cobrados.

O planejador financeiro e sócio na Expertise Investimentos – escritório credenciado da XP Investimentos – Trajano Ellera Gomes explica que o mercado já vinha instável, e toda a movimentação desta segunda-feira só aumentou a instabilidade do mercado e a aversão ao risco por parte dos investidores. “O principal prejuízo brasileiro seria na Petrobras, a qual teria de vender mais barato seu principal produto. A empresa possui uma política de repasse de preços do dólar e do barril aos seus consumidores, e isso poderá refletir numa queda de preço dos combustíveis aqui no Brasil. No curto prazo, isso refletiria em menores custos na logística e cadeias produtivas que se utilizam muito do diesel e da gasolina; seria um impacto positivo para a nossa economia”, explicou.

Para o economista Marcio Coutinho, com o preço do barril reduzido, é natural que a queda chegue para o consumidor. “Se isso realmente vai acontecer a gente não sabe. Quando o preço do petróleo sobe, existe o repasse natural e os preços aumentam para o consumidor. Quando o petróleo cai e a Petrobras reduz o preço dela, nem sempre essa mesma ação acontece na nossa ponta do consumidor. Mas se cair muito, fatalmente vai pressionar, chegar ao consumidor e isso deve afetar o resultado da empresa”, explicou.

Segundo o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência (Sinpetro), Edson Lazarotto, não há como prever o comportamento do mercado nos próximos dias. “É uma briga internacional entre países produtores de petróleo, mas que certamente afetará todo nosso mercado e, principalmente, a Petrobras, mas é muito cedo para qualquer indicação do que vai ocorrer. A Petrobras deve aguardar o desenrolar dessa briga entre Rússia e Arábia Saudita. Isso pode levar de uma semana até quinze dias para realmente vermos o que o mercado sinalizará”, contextualizou Lazarotto.

Em nota divulgada pelas agências de notícias, a estatal diz que ainda é prematuro fazer projeções sobre os possíveis impactos do tombo dos preços no mercado de petróleo, “dado que ainda não está claro nem a intensidade ou mesmo a persistência do choque nos preços”.

Perdas bilionárias

Com a desvalorização do petróleo nesta segunda-feira, os papéis ordinários da Petrobras recuaram 31,34% e fecharam cotados a R$ 16,52, enquanto os preferenciais caíram 32,02% e ficaram em R$ 15,52. Na sessão, a Petrobras perdeu R$ 91 bilhões em valor de mercado.

Bovespa teve forte queda nesta segunda-feira por conta do preço do petróleo - Foto: Divulgação

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