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5 mil mortes pela Covid em MS, 5 mil legados que perduram

No dia em que Mato Grosso do Sul atinge uma triste marca, duas famílias contaram sobre os legados de entes que morreram por Covid-19.

15/04/2021 07h29
Por: Gabrielle Borges

Nesta quarta-feira (14), Mato Grosso do Sul ultrapassou a triste marca de 5 mil mortes por Covid-19. De um lado, histórias de muitos sul-mato-grossenses foram interrompidas e, de um outro ponto de vista, vários legados, de acordo com os familiares, se perduram.

O apóstolo Edilson Vicente da Silva morreu no dia 19 de agosto de 2020, desde então, os quatro filhos, nove netos e a esposa dele seguem convivendo com o luto e as lembranças. A filha de Edilson, Fernanda Gutierrez, disse que mesmo com a perda, o pai, deixou à ela, “o exemplo verdadeiro de como se viver”.

Greice Meza, dona de casa e neta de João Ribeiro Novaes e da Francisca Araújo Novaes, perdeu os avós em um intervalo curto, ambos pela Covid-19. João morreu no dia 8 de agosto de 2020, no mesmo dia, Francisca foi intubada e, no dia 9 de agosto de 2020, não resistiu e veio à óbito.

A dor das perdas repentinas ainda perduram no coração de Greice, como ela define. “Não tem um final de semana que nós não pensamos neles. Os domingos e sábados que tomávamos nosso café da manhã juntos, não são mais os mesmo”, com a voz embargada, disse Greice.

Amor, orgulho, verdade, exemplo e outras características que Greice e Fernanda compartilham ao falarem sobre o legado que os familiares deixaram para elas.

Para Fernanda que compartilha da mesma religião que o pai, diz que muito do que Edilson foi, ela consegue enxergar no dia a dia dela. “Eu vejo muita coisa na minha vida que eu nem sabia era tão forte dentro de mim por causa dele”, disse a pastora.

Greice lembra que “ombro amigo, cafezinho e pão com ovo” não era negado à ninguém na casa dos avós e, atualmente, o que perdura na vida dela e dos três filhos é o amor à família ensinado por João e Francisca.

“Na vida o que eu mais lembro deles é o amor, ser família e ajudar o próximo, principalmente os seus. Se você não consegue ajudar a sua família, como ajudará quem está lá fora? Eu quero passar este amor aos meus filhos”, chorando, Greice contou

A pastora Fernanda traduz o legado do pai, Edilson, como “riqueza”. “Apesar da dor e da falta, eu consigo sentir essa alegria do privilégio de ter nascido filha dele. Parece que só depois da morte a gente enxerga a grandeza que alguém fez, eu sempre valorizei meu pai imensamente, mas hoje é tão maior, é mais profundo”.

Nas histórias contadas por Fernanda e Greice um ponto em comum é visto nos legados que perduram dos familiares que morreram por Covid-19: a família. Para Greice, os avós eram como pais e, para Fernanda, Edilson “investiu muito tempo para família”.

Edilson, João e Francisca morreram por Covid-19 em Mato Grosso do Sul, em agosto de 2020 — Foto: Arquivos pessoais

Ao centro da foto, Edilson era apóstolo de uma igreja em Campo Grande e a família dele ia além dos laços sanguíneos — Foto: Fernanda Gutierrez/Arquivo pessoal

João e Francisca tinham 56 anos de casados quando morreram por Covid — Foto: Greice Meza/Arquivo pessoal

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